A dicotomia Teoria VS. Prática estão presentes na vida de
Karl Marx, suas idéias teve um berço nos ambientes acadêmicos, cuja essência de
seu desenvolvimento expressou-se nos trabalhos de pesquisas e debates (O
Capital 1867, Salário, preço e lucro 1865) assim estabelecendo sua primeira
base (teoria), mas, o seu amadurecimento intelectual ocorreu longe das
formalidades universitárias, inaugurando enfim, sua segunda base (prática) nas
atividades de mobilização de massas cujo o resultado fora a fundação da I
Internacional dos Trabalhadores em Londres, em setembro de 1864.
Karl Marx é produto de um contexto político-social do
século XIX em que a EUROPA vivenciava os anos de Revolução Industrial, onde a
humanidade observava a proletarização de ex-camponeses e artesãos. Historicamente
o sistema manufatureiro coisificou o
homem assim produzindo um ambiente de total alienação. Os trabalhadores atuavam
nas fabricas 18 horas por dia. Lembre-se, não existia a Organização
Internacional do Trabalho (OIT, órgão da ONU), nem tampouco uma Legislação que
protegesse a classe operária. Com base nesta realidade o próprio Karl Marx
iniciava um longo processo de reflexões e estudos sobre a espinha dorsal de
como que esse sistema se fortaleceu: a busca por respostas fora iniciada com a
questão do materialismo dialético sintetizada na idéia de que o mundo material
é anterior a consciência, ao pensamento. O mundo com base na concepção do
materialismo dialético não é estático, ou seja, existe um dinamismo entre os
elementos que se interagem. Com base nos estudos da própria filosofia
percebemos o fato de que a própria contradição é um elemento dinamizador, de
grandes transformações sociais, a dialética histórica tem o papel de dialogo
com o passado para entender o presente, pois numa época em que Karl Marx
observava o nascimento da classe proletária, a conclusão era de que os fatos ao
longo do tempo se repetiam, tendo como entendimento a continuidade da relação
opressor e oprimido. Se formos observar o perfil biográfico, Karl Marx nasceu
em uma família de judeus, seu pai Herschel
Marx era um advogado que por conta de sua origem, foi obrigado a mudar de nome
e se converter ao luteranismo. Historicamente seus descendentes nos primórdios
da humanidade vivenciaram a opressão, exemplificados no Egito e na Babilônia. A
idéia de se pensar na implantação do Comunismo sintetizava os anseios de
igualdade sem classes, sem propriedade privada e sem estado em um contexto de
uma Alemanha cujo Estado era pesado demais para uma classe operaria massacrada
pelos valores mais selvagens do Capitalismo.
Depois da morte de Karl
Marx o Mundo vivenciou a chamada Era dos Extremos (Eric Hobsbawn) onde gerações
assistiram o inicio da primeira Revolução Operaria de outubro de 1917 na antiga
Rússia dos Czares, mas, por conta dos vícios da política ditatorial de Josef Stalin
o Marxismo foi reduzido a uma simples cartilha de comando de cima para baixo,
lembrando enfim da obra de George Orwell (Revolução dos Bichos) em que os
porcos se tornaram muito mais opressores do que os donos da fazenda. Numa
sociedade Soviética uns eram mais iguais do que os outros, por conta disso os
muros caíram (Berlim, 1989) e as cortinas se abriram (Moscou, 1991).
Mesmo diante do fim da
mais longeva experiência socialista de 74 anos, o Socialismo precisou se
reinventar. Nos diversos exemplos na América Latina, começamos a observar Cuba,
cuja característica é de um Socialismo tropical, detentora de uma estética
própria. Outro exemplo é a Venezuela, na sua essência, uma nação miscigenada com
uma dinâmica social peculiar, fruto de uma experiência colonialista brutal,
buscou uma alternativa própria de Socialismo, cujo principal personagem não é
Karl Marx, e sim Simon Bolívar.
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