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O Brasil de tantos Brasis

O Brasil de tantos Brasis se perde na sua própria imensidão,esquecendo-se de seu passado de realeza lusitana,que ia do MONTE CABURAÍ na cidade do Uiramutã-RR até o CHUÍ cidade situada no extremo sul do Rio Grande do Sul.Suas extremidades não se limitam as questões geográficas entre o Setentrional e o Meridional,elas avançam para as políticas públicas,basta observarmos os bolsões de misérias,boa parte delas sustentadas por seus algozes no NORTE e NORDESTE,enquanto no Sul vive-se a SUÍÇA brasileira.A Amazônia,na sua essência, um laboratório a céu aberto,tem sido disputada por milhares de ONGS estrangeiras com aparentes discursos de defesa indígena, mas por trás desse cinismo o que eles querem: riquezas para socorrer a Europa em bancarrota.

sábado, 10 de agosto de 2013

Yoani Sánchez Por uma Cuba livre e plural’

        Os latino-americanos costumam viver de passado,geração após geração ainda veneram personalidades históricas passíveis de questionamentos,um dos grandes exemplos,é a figura de Fidel Castro,até hoje proprietário de Cuba.Mentes e corações dos cubanos são alimentados desde 1959 pela Revolução,no entanto,precisam conviver com o roncar de seus estômagos e com o silêncio gritante das incertezas.

       O maior inimigo dos irmãos Castro,não são os EUA,é o próprio clima de anseios pluralistas de seu povo,a fadiga ideológica cada vez mais está sendo evidente,tudo isso começa com o martírio de Orlando Zapata na prisão,este episódio impulsionou a organização das Damas de Branco e por fim surge um fato novo,o fenômeno Yoani Sánchez.
      Yoani Sánchez,filóloga e jornalista cubana,tem no seu blog,o instrumento de liberdade para denunciar a realidade cubana por meio da descrição do cotidiano de tantos cubanos anônimos que muitas vezes são atropelados pela onipotência castrista em todos os aspectos da vida.Yoani como filóloga,conhece profundamente o poder das palavras,suas raízes lexicográficas,semânticas,históricas e literárias,enfim,sabe como grandes discursos foram elaborados,para assim manter uma determinada clã em evidência.Portanto,dentro de sua própria percepção, Yoani vê o Grito,como um dos elementos mais importante para ataque e defesa da Ditadura,ao contrário do debate,o grito tenta desqualificar os argumentos da realidade,por exemplo,o BLOG,mostra ao mundo,um país como CUBA, uma dicotomia clara:Miséria vs Repressão,tudo isso está numa simples crônica.Muitas vezes,nós,que de fato estamos de fora da ilha, determinamos a divisão ideológica da população cubana e rotulamos de cubanos castristas os habitantes da ilha, e os exilados de pró-EUA.Leia o que a blogueira tem a dizer:
Faz uns anos, quando saí pela primeira vez de Cuba, eu estava num trem que saía de Berlim para o norte. Uma Berlim já reunificada, porém que ainda conservava fragmentos dessa feia cicatriz que foi aquele muro que dividiu uma nação. No vagão daquele trem e enquanto me lembrava do meu pai e meu avô ambos ferroviários, os quais teriam dado qualquer coisa para viajar nessa maravilha de vagões e locomotiva, entabulei uma conversação com um jovem que ia sentado frente a mim. Depois da primeira troca de cumprimentos, de maltratar o idioma alemão com um pequeno “Guten Tag” e esclarecer que “Ich spreche ein bisschen Deutsch”, o homem imediatamente me perguntou de onde eu vinha. De modo que lhe respondi com um “Ich komme aus Kuba”. Como sempre ocorre depois da frase de que alguém vem da maior das Antilhas, o interlocutor tratou de demonstrar o muito que sabia sobre nosso país. Normalmente durante essa viagem me encontrava com gente que dizia “ha… Cuba, sim, Varadeiro, rum e música salsa”. Também até encontrei um par de casos em que a única referência que pareciam ter sobre nossa nação era o disco “Buena Vista Social Club”, que exatamente nesses anos estava arrasando em popularidade nas listas de músicas mais escutadas. Porém aquele jovem num trem em Berlim me surpreendeu. Diferentemente de outros não me respondeu com um estereótipo turístico ou melódico, foi mais longe. Sua pergunta foi: “És de Cuba? Da Cuba de Fidel ou da Cuba de Miami?
Meu rosto ficou vermelho, esqueci-me completamente do pouco que sabia da língua alemã e lhe respondi no meu melhor espanhol de Centro Havana: “Garoto, eu sou cubana de José Martí”. Aí terminou nossa breve conversação. Não obstante, no resto da viagem e pelo resto da minha vida, tive sempre presente aquele bate papo. Perguntei-me muitas vezes o que teria levado aquele berlinense e tantas outras pessoas no mundo a verem os cubanos de dentro e de fora da Ilha como dois mundos separados, dois mundos irreconciliáveis. A resposta a essa pergunta percorre também parte do trabalho no meu blog Geração Y. Como foi que dividiram nossa nação? Como foi que um governo, um partido, um homem no poder se atribuíram o direito de decidir quem devia ter nossa nacionalidade e quem não? A resposta a essas perguntas vocês sabem muito melhor do que eu. Vocês que viveram a dor do exílio, que partiram na maioria das vezes só com o que tinham em cima. Vocês que deram adeus a familiares, muitos dos quais nunca mais voltaram a ver. Vocês que tratam de preservar Cuba, a única, a indivisível, a completa em vossas mentes e vossos corações.
Porém continuo me perguntando: O que aconteceu? Como foi que o adjetivo pátrio de cubano passou a ser algo só outorgado por considerações ideológicas? Creiam-me, quando alguém nasceu e cresceu com só uma versão da história, uma versão mutilada e conveniente da história, não pode responder essa pergunta. Por sorte sempre é possível despertar da doutrinação. Basta que a cada dia uma pergunta, como ácido corrosivo, entre na cabeça. Basta que não nos conformemos com o que nos disseram. A doutrinação é incompatível com a dúvida, a lavagem cerebral termina justo quando esse mesmo cérebro começa questionar as frases que lhe foram ditas. O processo de despertar é lento, inicia como um estranhamento, como se de repente se visse as costuras da realidade. Assim foi como tudo se iniciou no meu caso. Fui uma pioneirinha normal, como todos vocês sabem. Repeti cada dia nas manhãs da escola primária aquela palavra de ordem: “Pioneiros pelo comunismo, seremos como o Che”. Corri uma infinidade de vezes com a máscara anti-gás debaixo do braço até um refúgio, enquanto meus professores me garantiam que logo seríamos atacados de algum lugar. Acreditei. Um menino sempre crê no que os adultos dizem. Porém havia muitas coisas que não encaixavam. Todo processo de busca da verdade tem seu detonante. No determinado momento em que uma peça não se encaixa e em que alguma coisa não tem lógica. E essa ausência de lógica estava fora da escola, estava no meu bairro e em minha casa. Eu não entendia bem o porquê daqueles que haviam ido por Mariel eram “inimigos da pátria”, porque minhas amigas ficavam tão felizes quando algum daqueles parentes exilados lhes enviava alguma comida ou roupa. Por que esses vizinhos que haviam se despedido com um ato de repúdio no solar de Cayo Hueso onde eu havia nascido, eram os que mantinham a mãe anciã que havia ficado para trás, que presenteava com parte daqueles pacotes os mesmos que haviam jogado ovos e insultos aos seus filhos? Eu não entendia. E dessa incompreensão, dolorosa como todo parto, nasceu a pessoa que sou agora.
      O Movimento das ruas do Brasil,deveriam dedicar-se também ao ato de solidariedade a blogueira cubana Yoani Sánchez,repudiando todas as formas de repressão incentivando eleições democráticas em Cuba e o fim do bloqueio de Cuba.Ela mesmo manifestou apoio as manifestações:
A todos esos ciudadanos en #Brasil que estan dando la pelea pacifica y civica contra la corrupcion y el autoritarismo: mi APOYO!!!
        A esquerda latino americana  ainda vive do passado,precisamos de uma nova oxigenação política.Ainda existem jovens que respiram o século XIX,alguns em nome Socialismo,tentaram expulsar a Yoani,outros em nome do anarquismo destroem o patrimônio público.Há aqueles que acham que descobriram a roda ao propor a Midiativismo,isso sempre existiu.
      Cuba precisa de uma oxigenação política,cultural e social pra valer,a Yoani Sánchez é uma das possibilidades de real mudança,quem sabe teremos nos próximos anos a primeira presidente mulher de Cuba.

     Concluímos então que o Brasil como uma não democrática,precisa ser solidária com os cubanos,a mídia brasileira junto com as vozes das ruas precisa transformar isso numa agenda,isso de uma certa maneira inibe tentações autoritárias do Governo Brasileiro e de seus partidos em levar o Brasil para um clima de incertezas.